Como anda sua saúde mental na pandemia?

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Mudanças da rotina de trabalho e a necessidade de conciliar a vida profissional com a pessoal dentro de casa contribuíram para o desenvolvimento de sintomas como depressão, estresse e exaustão emocional

Faz 1 ano que as atribuições da atividade laborativa invadiram nossos lares sem que tivéssemos tempo para preparar nosso emocional.

Desde então, grande parte da população mundial economicamente ativa teve que aprender a conviver com a crise pandêmica ao mesmo tempo em que buscava se familiarizar com uma nova realidade de trabalho: reuniões virtuais, inúmeras mensagens no WhatsApp, horários confusos, vida profissional misturada com a pessoal.

Se por um lado, o trabalho remoto promoveu benefícios, como o ganho do tempo de deslocamento, além do conforto e da segurança que só o ambiente familiar oferece, por outro, tornou a rotina confusa, fazendo com que diferentes demandas se misturassem.

Brasil: o país lidera o ranking da ansiedade

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo, quadro que só piorou desde o início da pandemia.

Segundo pesquisa realizada entre 2018 e 2019 pela International Stress Management Association (Isma-BR), 72% dos brasileiros sofrem alguma sequela de estresse em diferentes níveis, sendo que, destes, 32% apresentam sintomas da síndrome de burnout.

E se antes da pandemia os níveis de estresse já estavam nas alturas, durante o isolamento social eles alcançaram patamares ainda mais preocupantes.

O cenário caótico atual contribuiu ainda mais para o desenvolvimento de doenças psicológicas relacionadas ao trabalho, como é o caso da síndrome de burnout.

Sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19, no Brasil e na Espanha.

Mais da metade deles — e 27,4% do total de entrevistados — sofrem de ansiedade e depressão ao mesmo tempo.

Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior a uma pesquisa coordenada pela Fiocruz, e feita em parceria com outras instituições.

Outros resultados da pesquisa apontam que a maior parte dos trabalhadores de serviços essenciais que responderam à pesquisa no Brasil é de mulheres (72,2%), com idade média de 39 anos e curso universitário (56,5%) ou mestrado/doutorado (28,5%).

Como a pandemia afeta a saúde mental das mulheres

Graças à cultura machista enraizada, a mulher moderna ganhou o estigma de ser polivalente e, por isso, é incumbida de desempenhar diversas funções de forma simultânea: cuidar da casa, dos filhos e da carreira.

Mas não é preciso estar na pele feminina para chegar à conclusão de que é humanamente impossível alguém dar conta de tantos afazeres ao mesmo tempo sem sofrer prejuízos no bem-estar físico e emocional.

Durante a pandemia, as responsabilidades das mulheres não cresceram, no entanto, vieram juntas, de uma só vez, sem nenhuma pausa para descanso.

Um levantamento online realizado pelo IBOPE confirma isso, e aponta que as mulheres ficaram mais ansiosas durante a pandemia.

De acordo com a pesquisa, 50% das mulheres disseram que já apresentavam quadros de ansiedade, mas com a pandemia os sintomas pioraram.

A pandemia também aumentou o nível de estresse das mulheres e as deixou mais irritadas e angustiadas, com quadros de tensão muscular, enxaqueca, respiração ofegante e falta de ar.

Também houve um aumento no uso de medicamentos tarjados e naturais de 38% e 29%, respectivamente.

Quando se trata da maternidade, as mulheres tendem a se sentirem ainda mais sobrecarregadas.

Com essa tendência de serem Multifuncionais, somado ao convívio familiar 24 horas por dia, isso desencadeou o esgotamento de muitas mães.

Conhecido como Mommy Burnout, o fenômeno está relacionado ao desgaste mental causado pela experiência materna.

A importância de estabelecer limites 

Diante do atual cenário, o qual ainda não apresenta muitos sinais de mudanças, é fundamental que a pessoa consiga desenvolver estratégias de gerenciamento de estresse eficientes.

Isso vai ajudar a prevenir o desenvolvimento da síndrome de burnout e de outros transtornos associados.

Mais do que nunca, é preciso ser resiliente, que é a habilidade de lidar com estresse e experiências emocionalmente difíceis com mais facilidade.

Tenha em mente também que é importante aprender a definir limites sadios às demandas, estar atento às próprias necessidades pessoais de descanso, sono, espaço para individualidade, saber monitorar o acúmulo de estresse e, principalmente, agir para promover as mudanças no ambiente de casa e trabalho, mantendo o comprometimento e a auto responsabilidade.

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