Sororidade: como ir além do discurso para realmente construir ambientes inclusivos

Tempo de leitura: 3 minutos

A palavra sororidade vem do latim, soror, que significa irmã, portanto, carrega a ideia de irmandade feminina.

Sororidade é um substantivo feminino e um conceito,  ainda em construção, sobre empatia, solidariedade e acolhimento entre mulheres.

Ou seja, já existe nele um recorte de gênero, um direcionamento dessa empatia de mulheres para outras mulheres.

É difícil precisar a origem histórica do uso desse termo, mas estima se que o mesmo ganhou força à partir da 4ª onda do feminismo, que surgiu, por volta de 2012, vinculada ao uso das redes sociais, onde as novas modalidades de interação por meios digitais possibilitaram a formação de comunidades virtuais de mulheres, com trocas de ideias, conceitos, desabafos, denúncias, tratamentos alternativos, mensagens de encorajamento, enfim, o fortalecimento de laços e trocas de experiências sobre ser mulher.

Nesse contexto, a sororidade tornou-se uma importante forma de praticar o feminismo e propagar suas bandeiras.

A expressão sororidade tem ampliado seu alcance em consonância com a adesão ao feminismo, já que também se reveste de caráter político relacionado à busca pela igualdade de gênero e à pavimentação do caminho para que mulheres alcancem posições de destaque e poder para que essa igualdade seja gradativamente construída por meio de leis, políticas públicas, diretrizes empresariais.

Algumas práticas simples podem ser aplicadas no dia a dia com o intuito de fortalecer essa relação de união entre as mulheres:

  • Compartilhar informações e ensinamentos umas com as outras, contribuindo para um crescimento mútuo;
  • Respeitar e tratar outras mulheres como gostaria de ser tratada, independente do contexto;
  • Criar um ambiente seguro para trocas de experiências e desabafos;
  • Encorajar e indicar oportunidades para outras mulheres;
  • Oferecer ajuda para mulheres que encontram-se sobrecarregadas;
  • Consumir e indicar trabalhos de outras mulheres.

COMO INCENTIVAR A PRÁTICA DA SORORIDADE NAS EMPRESAS? 

Esse talvez seja um dos maiores desafios atuais das iniciativas de diversidade e inclusão nas empresas.

Como ir além das datas comemorativas, criando programas contínuos de desenvolvimento e liderança para mulheres?

Como estruturar redes de apoio de mulheres permanentes e treinar lideranças para mitigar os vieses inconscientes de gênero?

Vieses inconscientes são mecanismos de formação de estereótipos individuais e coletivos explicados pela neurociência como resultantes da organização cerebral, baseados tanto em nossas experiências e ambientes de vida, quanto em uma herança ancestral e primitiva.

Os vieses impactam diretamente as questões de gênero, não apenas na naturalização de comportamentos machistas e preconceituosos vindo dos homens, como também nas relações entre mulheres, que podem reproduzir esses mesmos comportamentos com outras mulheres.

Nos ambientes de trabalho é comum que as pessoas construam vieses em relação à diversas características (visíveis ou invisíveis) dos demais, seja em relação ao gênero, raça, orientação sexual, deficiência, origem, religião, características físicas, dentre outros. 

Com base nele, vemos crenças enraizadas como “as mulheres não chegam à alta liderança porque deixam a empresa para ter filhos”.

Eliminar totalmente os vieses em ambientes corporativos é quase impossível, pois eles fazem parte do nosso mecanismo de funcionamento cerebral, porém o seu reconhecimento e consequente atuação proativa podem assegurar que eles não perpetuem um perfil único de liderança: masculina e branca.

Promover workshops com temas relacionados à sororidade para gestores e lideranças, criar campanhas internas para os colaboradores e criar conteúdos educativos, são algumas ações que podem ser usadas para minimizar os impactos negativos dos estereótipos no desenvolvimento das mulheres no ambiente de trabalho.

Aplicando essas iniciativas de estímulo à sororidade, seremos capazes de construir ambientes cada vez mais seguros, inovadores e cooperativos em nossas organizações, onde as pessoas se sintam livres para serem elas mesmas e tenha forte sentimento de pertencimento. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *