Por uma vida longa. E animada!

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Será que devemos mesmo acreditar que a vida se reduz a estudar, trabalhar, se aposentar… e morrer?

Numa visão linear, que antecedeu ao que chamamos de 4º Revolução Industrial, a vida era dividida em três fases: educação, trabalho e aposentadoria.

Esse modelo, que fez muito sentido para as gerações anteriores, já não cabe mais quando pensamos que um jovem que tem 20 anos hoje possui 50% de chance de viver até os 100.

Para quem hoje está na faixa dos 60 anos, há uma chance igual de chegar a 90.

E esse aumento da expectativa de vida impactará na forma como iremos aprender, trabalhar e viver.

“Uma vida longeva, pode até ser um presente, mas é necessário que seja planejada no que diz respeito à como devemos gerir nossas carreiras e finanças, de forma a nos garantir trabalho e renda ao longo da nossa existência.”

Sociedade 5.0: o que podemos aprender com o Japão

Esse cenário traz inúmeros desafios para uma sociedade que ainda não está preparada para lidar com os profissionais que o mercado corporativo está descartando em função da idade.

Por outro lado, o Japão – país com a maior expectativa de vida do mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde – levou em conta esse e outros aspectos correlatos para criar o conceito de Sociedade 5.0.

A Sociedade 5.0 nasce como uma iniciativa conjunta do governo japonês e a comunidade empresarial para enfrentar o envelhecimento rápido da população.

O movimento, que visa revolucionar o mundo corporativo, repensa o modelo de sociedade, tornando-o inclusivo e centrado no bem-estar da população.

Se na Indústria 4.0 o foco das atenções eram as máquinas e a tecnologia, na Sociedade 5.0 o centro é o ser humano – por isso é preciso repensar as relações das pessoas com o trabalho.

Aos setenta anos, Yoko Ishikura – professora de estratégia empresarial na Hitotsubashi University, em Tóquio, e consultora do Fórum Econômico Mundial – participa ativamente de uma das discussões mais importantes do nosso tempo.

A ideia é fazer com que os sistemas inteligentes sejam aliados dos seres humanos para resolver questões como envelhecimento humano, desastres naturais, desigualdade social, entre outras. 

Segundo Yoko, assim como nossa época traz enormes oportunidades, surgem também ameaças.

Por isso, ela recomenda que as pessoas mais maduras estejam cientes das ameaças, mas tirem o máximo proveito das suas potencialidades.

Para que não se tornem obsoletas, elas devem buscar aprendizagem constante ao longo da vida.

Já que as competências necessárias para o mercado de trabalho vão mudar de forma acelerada nos próximos anos. 

Como fica a carreira de quem viverá mais

A longevidade – uma das maiores conquistas da ciência moderna, combinada com a queda das taxas de natalidade – está aumentando significativamente a participação das pessoas com mais de 60 anos de idade na população mundial.

Esses índices demográficos têm implicações profundas para os indivíduos, as organizações e a sociedade.

O aumento da expectativa de vida, e consequentemente de uma força de trabalho global ‘envelhecida’, apresentam às organizações desafios sem precedentes e oportunidades ainda inexploradas.

As empresas precisarão planejar, projetar e experimentar estratégias de gestão da longevidade da força de trabalho.

Algumas já começaram a perceber as vantagens de reter seus talentos mais maduros, desenvolvendo políticas e abordagens de gestão para carreiras mais longas, apostando nos ‘dividendos de longevidade’.

Criar maneiras para que as pessoas tenham carreiras significativas, produtivas e de múltiplos estágios é uma grande oportunidade para engajar trabalhadores de todas as  gerações.

Muitas empresas também estão experimentando mudanças no local de trabalho para ajudar os trabalhadores mais maduros a permanecer na força de trabalho, como oferecer um horário parcial ou um trabalho mais flexível.

A requalificação também desempenha um papel importante nas estratégias bem sucedidas para utilizar talentos mais antigos.

Treinar e capacitar os profissionais maduros para assumirem novas funções, demonstra uma atitude de responsabilidade social ao criar condições de trabalho justo para todos, independente de cor, raça, gênero e idade. 

A Economia Prateada

Estima-se que a Economia Prateada, ou seja, a soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50 anos e os produtos e serviços que elas consomem diretamente ou virão a consumir no futuro, seja a terceira maior atividade econômica do mundo, movimentando US$ 7,1 trilhões anuais. Nos EUA, por exemplo representa mais de 25% do consumo. No Brasil, o consumidor maduro movimenta cerca de R$1,6 trilhões/ano, ou seja, 20% do poder de consumo do País.

Um outro fato interessante é que os idosos estão entre os trabalhadores mais empreendedores de todos os grupos etários.

De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor realizada no Brasil pelo Sebrae, a proporção de donos de negócio com 65 anos ou mais é 7% do total no Brasil, o que dá cerca de 2,2 milhões de empreendedores.

O empreendedorismo representa uma das formas mais relevantes de empoderamento das pessoas na terceira idade.

O ato de empreender,além de reforçar as liberdades garantidoras da cidadania, ainda potencializa a ideia de manter essa parcela da população dentro da economia produtiva, contribuindo para a sua independência financeira e uma aposentadoria mais ativa, através do estímulo ao desenvolvimento de das competências empreendedoras.

Espera-se que com essas transformações, a demanda pelo trabalho autônomo e flexível se intensifique, uma vez que cada vez mais as pessoas estão buscando, no presente, novos caminhos para percorrer, tanto na vida profissional, quanto pessoal.

Levando em conta essa nova dinâmica, num futuro bem próximo os indivíduos serão incentivados a vivenciar uma nova fase de exploração na vida, desenvolvendo novas habilidades e conhecimentos que lhe permitam ter trabalho e renda ao longo da vida.

Pensar na longevidade não é simplesmente planejar o futuro, é uma questão do presente.

#longevidade #60+ #economiaprateada

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