A simplicidade é o último degrau da sabedoria.

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Khalil Gibran

Um homem sábio, querendo manter sua mente desperta, passou a meditar sentado no tronco de uma árvore.

Assim, mantinha o esforço da mente correta.

Se adormecesse, cairia da árvore.

Um erudito, muito respeitado, com mais de 80 anos, foi interpelá lo:

“O senhor é considerado um grande sábio, disse olhando pra cima.

Então me diga: o que é mais importante nesta vida? 

Não fazer o mal, fazer o bem e fazer o bem a todos os seres: respondeu o sábio.

O homem então disse: grande coisa! até uma criança de 3 anos sabe disso.

E o sábio respondeu: mas nem mesmo um homem de 80 consegue pôr em prática.”

O mais importante nesta vida é não fazer o mal, fazer o bem e fazer o bem a todos os seres.

O homem culto, talvez esperasse ouvir do sábio uma ‘palestra’, citações de outros sábios ou de livros sagrados.

A frase simples e direta o surpreendeu.

E ele reconheceu o quanto, mesmo sabendo a verdade, ainda estava distante da perfeição: aos 80 anos de idade.

Essa parábola, descrita no livro ‘A sabedoria da tranformação’ da Monja Coen Roshi, nos mostra que a sabedoria vem da simplicidade.

Monja Coen nos instiga a investigar mais a natureza dos pensamentos e entender que podemos reagir às diferentes situações que nos acontecem.

Por meio das passagens de sua própria vida, histórias e reflexões, a autora transmite a mensagem de Buda e nos lembra que mesmo nos dias penosos, podemos usar nossas mentes ao nosso favor e nos comportarmos como a mudança que buscamos no outro.

‘A sabedoria da transformação’ procura nos conscientizar da importância de refletir sobre as nossas atitudes no dia a dia para que, fazendo o nosso melhor, possamos ser a transformação que desejamos ver no mundo. 

Ou seja, não ficarmos fechados em nós mesmos, mas perceber que ao cuidar de todos os seres, estamos cuidando também de nós.

E embora isso pareça algo simples, muitas vezes, em nosso dia a dia não conseguimos.

Buscar a paz interior e, consequentemente, a felicidade, é uma meta a ser conquistada. 

Jesus contava parábolas sobre a simplicidade.

Falou sobre um homem que possuía muitas jóias, sem que nenhuma delas o fizesse feliz.

Um dia, entretanto, descobriu uma jóia, única, maravilhosa, pela qual se apaixonou. Fez então a troca que lhe trouxe alegria: vendeu as muitas e comprou a única.

O caminho da ciência e dos saberes é o caminho da multiplicidade, nos adverte o escritor sagrado: “Não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne” (Eclesiastes 12:12). 

Não há fim para as coisas que podem ser conhecidas e sabidas.

O mundo dos saberes é um mundo de somas sem fim.

Diz o Tao -Te-C hi n g: “Na busca do conhecimento a cada dia se soma uma coisa. Na busca da sabedoria a cada dia se diminui uma coisa.”

É um caminho sem descanso para a alma. Não há saber diante do qual o coração possa dizer: “Cheguei, finalmente, ao lar”

Sobre a sabedoria, Nietzsche diz que é a arte de degustar, distinguir, discernir.

O homem do saberes, diante da multiplicidade, “precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço.”

Mas o sábio está à procura das “coisas dignas de serem conhecidas”.

Imagine um bufê: sobre a mesa enorme da multiplicidade, uma infinidade de pratos.

O homem dos saberes, fascinado pelos pratos, se atira sobre eles: quer comer tudo.

O sábio, ao contrário, pára e pergunta ao seu corpo:

“De toda essa multiplicidade, qual é o prato que vai lhe dar prazer e alegria?”

E assim, depois de meditar, escolhe um…

A sabedoria é a arte de reconhecer e degustar a alegria.

Nascemos para a alegria.

Diz Bachelard que o universo inteiro tem um destino de felicidade.

Realizar sonhos, alcançar objetivos, é sempre muito bom, mas é importante entender que a felicidade não está somente na realização dos nossos sonhos, mas na forma como levamos a vida e olhamos para o que nos acontece.

Pense em quantas coisas podemos mudar no nosso jeito de pensar, quantas atitudes podemos tomar para tornar nossa vida mais leve, mais significativa e mais mais feliz!

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