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Criatividade e saber olhar os acontecimentos por outro ângulo são competências cobradas. Assim como ousar, experimentar e não ter medo de errar
Lilian Monteiro
A indústria 4.0 é considerada a nova Revolução Industrial. Inteligência artificial, robótica, big data, cloud computing, sistemas ciber-físicos e comunicação entre máquinas. Claro, que tudo isso muda, transforma e apresenta novas exigências para o profissional destes tempos. O trabalho, obrigatoriamente, tem de se reinventar para sobreviver no mercado 4.0, que foi completamente afetado pela tecnologia e requer mão de obra capaz de incorporar diversas habilidades e de atuar em ambientes complexos.A nova era precisa de profissionais que entreguem uma combinação de competências e habilidades. Algumas são mais cobradas, sobressaem-se, e, caso o trabalhador as apresente, terá mais chance e oportunidades no mercado. Para a head trainer e hacker comportamental Patrícia Lisboa a criatividade é uma dessas exigências. “A criatividade é a capacidade de solucionar problemas, criar algo ou mesmo reinventar conceitos ou práticas. Qualquer um pode ser criativo e essa é uma habilidade que pode ser aprimorada e usada diariamente, tanto no campo profissional quanto no pessoal. Para desenvolver a criatividade, o profissional deve aprender a olhar os acontecimentos por outro ângulo, não apenas pela perspectiva inicial. É preciso ser curioso. Perguntar sempre o por quê. Buscar novas alternativas para tarefas cotidianas. Olhar as coisas por outros ângulos. Exercitar a observação e a coragem para experimentar. Ler e pesquisar a respeito de assuntos completamente diferentes do repertório habitual. Isso vai expandir o horizonte e o ajudará a fazer novas relações e interpretações.”
Patrícia Lisboa destaca o autoconhecimento, que precisa ser desenvolvido. “Ele é fundamental no alcance do equilíbrio profissional. É o processo de olhar para dentro e saber o que traz prazer, o que é desafiante e o que traz motivação. É uma jornada interna, que exige dedicação. O autoconhecimento pode ser desenvolvido por meio de processos terapêuticos, meditação, mindfulness (técnica específica de meditação), literatura e convívio social. Tudo parte de uma autoobservação.” Ela indica, ainda, um diário como ótima ferramenta para desenvolver autoconhecimento. “Registrar o dia a dia, as ações, interações, como se sentiu em determinada situação e fazer uma análise do que faria diferente e do que não faria se tivesse outra oportunidade. É preciso refletir sobre o que ocorreu, respeitar os sinais do próprio corpo e prestar atenção aos diálogos internos. Os principais diálogos na vida do indivíduo são os diálogos internos.”
PROFISSÕES DO FUTURO A head trainer alerta que todo profissional tem de estar atento e por dentro das chamadas profissões do futuro, até mesmo para saber se posicionar no mercado e acompanhar as mudanças. “As carreiras do futuro são aquelas ligadas à solução de problemas complexos e também à tecnologia, como meio ambiente, saúde e mobilidade, entre outras. Tudo que é mecânico, repetitivo e escalável poderá ser substituído pela máquina, pelo software. O que faz com que profissionais de áreas como sustentabilidade, infraestrutura, saúde e qualidade de vida, recursos humanos e direito tenham de se adaptar a esse novo mercado. A população mundial vai aumentar e, com isso, vamos precisar produzir mais comida, com mais inteligência e menos impacto ao ambiente, e ainda vamos precisar pensar em moradia com mais inteligência. As pessoas vão viver mais, muito mais. Esse contingente de pessoas idosas precisará de serviços nas áreas de saúde, bem-estar e entretenimento. Até 2030, surgirão várias profissões que não existem hoje. Algumas dessas novas funções são gestor de qualidade de vida, gestor de resíduos, de inovação, de comunidade e de big data.”
A partir de agora, todas as carreiras promissoras estarão ligadas à tecnologia da informação. O homem e a máquina trabalharão cada vez mais juntos e híbridos. Portanto, a principal dica é, independentemente da profissão, é fundamental começar a investigar como a tecnologia vai impactar esse segmento. Estudar e pesquisar. Manter-se curioso e em movimento Patrícia Lisboa, head trainer e hacker comportamental Conforme Patrícia Lisboa, com o passar dos anos, a inteligência humana vai trabalhar, cada vez mais, em parceria com a artificial. Uma vai complementar a outra. “O papel das pessoas está se modificando dentro das empresas. E será preciso se adaptar, fortalecer habilidades, construir novas carreiras ou mesmo se reinventar em profissões já existentes para acompanhar as transformações e as necessidades do mercado. Isso poderá fazer a diferença entre o desemprego e o sucesso.”
Para Patrícia Lisboa, essas mudanças exigirão que os profissionais atualizem ou melhorem a qualificação, de modo que a educação continuada se tornará parte vital ao longo da carreira. “O mais importante é seguir aprendendo, nos transformando e nos preparando para as oportunidades. E procurar sempre especializações dentro das áreas de interesse. Atualização será cada vez mais recorrente.”ESTRATÉGIA Diante de tanta transformação, é importante que cada profissional procure minimizar o erro. Portanto, é importante fazer escolhas bem pensadas e com estratégia. “É preciso estar atento às mudanças e às oportunidades. Observar qual a vocação, a área de interesse e fazer um exercício de investigação diária. A partir de agora, todas as carreiras promissoras estarão ligadas à tecnologia da informação. O homem e a máquina trabalharão cada vez mais juntos e híbridos. Portanto, a principal dica é, independentemente da profissão, é fundamental começar a investigar como a tecnologia vai impactar esse segmento. Estudar e pesquisar. Manter-se curioso e em movimento.”
Por isso, é essencial que todo profissional se reinvente. Só assim permanecerá competitivo. “O profissional precisa saber trabalhar em equipe e colaborar. Estar, mais do que nunca, disposto a aprender e a mudar, caso necessário. Entender que a máquina não vai eliminar o homem, muito pelo contrário, será uma aliada. A tecnologia trará um salto exponencial para toda a humanidade. É preciso desenvolver a flexibilidade cognitiva e experimentar as atividades e os desafios antes de julgá-los chatos ou difíceis. As coisas serão diferentes nesse novo mercado. E, para o profissional se dar bem e se adaptar, é recomendado que não crie nenhuma resistência. Haverá muitos ganhos em todas as áreas. Além de especializações que possam tornar o profissional apto a trabalhar com essas novas tecnologias, é necessário ainda desenvolver habilidades, como criatividade, persuasão, colaboração, adaptabilidade e gerenciamento de tempo.”