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O modelo econômico vigente, e predominante em boa parte do mundo, veio para trazer o desenvolvimento e a prosperidade.
Porém, o paradoxo do capitalismo moderno é justamente a constatação de que na prática há um aumento gradual da disparidade nas camadas sociais, ou seja, o enriquecimento cada vez mais acentuado de pequenos grupos, detentores do poder e do capital das grandes corporações. e de outro lado, a crise se generalizando e afetando outras classes e o planeta.
Sobre esse paradoxo, o sociólogo Gilles Lipovetsky retrata um conceito bem interessante em seu livro Felicidade Paradoxal.
Segundo ele, vivemos em uma sociedade efêmera, oriunda de sensações rápidas de pequenos prazeres transitórios de passageira felicidade.
O capitalismo, como um sistema que rege nossa atual sociedade, cria um espelho.
Nesse espelho estaríamos a todo momento sendo empurrados para objetos que automaticamente são escolhas que se refletem em desejos introduzidos ou inconscientes, porém ao mesmo tempo não são prazerosos o suficiente.
Esse olhar nos coloca em questão a busca pelo consumo hedonista como fonte de prazer e felicidade, uma corrida pelo bem-estar individual, e como consequência a sensação de desamparo perante a total responsabilidade pelo seu êxito ou fracasso pessoal.
Os homens continuam sedentos de consumo, entretanto agora, a qualidade de vida, a busca por expressão de si e preocupações referentes ao sentido da vida estão em voga e se sobrepõem ao consumo desenfreado e isento de reflexão.
No âmbito das organizações, percebe se um movimento semelhante.
A busca incessante por resultados financeiros se tornou um direcionador de sucesso de muitos executivos e empresas.
No mundo de hoje, empresas que não se preocupam na satisfação do cliente, na felicidade de seus colaboradores, na geração de um impacto positivo na sociedade ou no engajamento de uma causa tendem a não se sustentar a longo prazo.
É aqui que entra a ideia de uma nova economia: criativa, colaborativa e compartilhada.
Uma resposta à economia tradicional, pautada no compartilhamento não somente de bens, mas de valores, ideias e soluções para um futuro mais sustentável.
Os negócios nascidos na nova economia são criados, portanto, não apenas como oportunidade de negócio, mas com um propósito profundamente significativo.
Dessa forma, o modelo de um capitalismo selvagem começa a ser revisitado: agora o valor compartilhado e o valor social passam a ser linguagens comuns no mundo dos negócios.
Alimentamos durante muitos anos um “modus operandi” consumista que nos diz que não há o suficiente para todos e que alguém, em algum lugar, sempre será deixado de fora do sistema.
Isso nos obriga a pensar que precisamos garantir que aqueles que ficam sem dinheiro, prosperidade e trabalho não sejam nós.
Acreditamos que ter mais seja necessário e que nada é suficiente, e por isso acumulamos. Essa crença nos obriga a viver uma vida de competição em uma corrida sem vencedores, que nos desconecta do que realmente importa.
A escritora Lynne Twist, em seu livro El Alma del Dinero, nos pergunta:
“Preferimos o conforto desconfortável de ficar no mesmo lugar sem descobrir o que mais existe para nós?”.
Segundo a autora, a chave da mudança está na palavra suficiente e não em abundância.
“A abundância é o oposto da escassez.
A abundância é mais do que precisamos e a escassez é menos do que precisamos.
Entre esses dois conceitos existe o suficiente — exatamente o que precisamos e nada mais”.
A grande questão no paradigma da escassez é que acreditamos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, que faltarão oportunidades, recursos e competências.
A competitividade excessiva e a negatividade surgem disso.
Portanto, esse mindset nos faz pensar que devemos “derrotar” o outro, porque não existe o suficiente para todos.
Conflitos, falta de união, hipercompetitividade, pressa e negatividade, são provenientes dessa mentalidade.
É fato que ainda nossa sociedade vive a herança de uma mentalidade escassa, porém vemos o surgimento de uma nova economia, uma nova maneira de pensar, de fazer e de ter.
O acesso e o consumo colaborativo em todos os setores desde o transporte, os bens de consumo, os serviços ou ainda os setores mais tradicionais, surgem para que possamos aprender que os recursos são suficientes e que todos nós podemos usufruir de uma vida plena e próspera, sem qualquer privação.
Como nos diz uma das leis da abundância:
“A verdadeira fonte de abundância do ser humano é a sua criatividade ilimitada capaz de construir uma sociedade rica e sustentável em pleno deserto”.
Então, meu desejo para esse novo mundo que está emergindo, é que possamos ter consciência de que nossos recursos internos ou externos são ilimitados desde que saibamos mobilizá-los com sabedoria.
E que todo e qualquer negócio vise o resultado desde que todos os envolvidos ganhem. Meu desejo é que estejamos abertos e receptivos a ideias que criem abundância e prosperidade, para si, para o outro e para o mundo.